segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Como pintar abacaxi


Material utilizado:
Pincéis Tigre, ref. 815, nº 10, 12 , 4 (abacaxi); ref. 834, nº 4 (flores).
Tintas Acrilex, nas cores:
Folhas - verde pinheiro, verde pistache, amarelo ouro, marfim, azul caribe e violeta cobalto;
Abacaxi - jacarandá, amarelo ouro, siena natural, marfim, azul caribe, lilás;
Vegetação - verde oliva com clareador para as áreas mais claras, verde oliva puro para áreas mais escuras, amarelo limão para iluminar algumas áreas da vegetação;
Flores - lilás, azul caribe, verde glacial, branco, amarelo ouro, jacarandá e marfim.

Começando pelas folhas, escolhi um tom médio, o verde pistache com um pouquinho de amarelo ouro.

Imaginei a luz vindo da esquerda. Então, usei azul caribe para fazer as áreas iluminadas da sombra (lado direito). À esquerda, no lado mais iluminado,  trabalhei com amarelo ouro e marfim.

Fui pintando as áreas claras e escuras, sem necessariamente seguir o risco ou o modelo, mesclando a tinta nos pincéis e ajustando claros e escuros no tecido.


A área mais escura fiz com verde pinheiro misturado ao violeta cobalto. As folhas clarinhas do fundo foram feitas com restinhos de tinta que ficaram no pincel.

Para pintar as duas folhas com as pontas dobradas, primeiro pintei a parte dobrada, mais clara, depois fiz o fundo, em tom mais escuro.

Fiz alguns detalhes de sombra com verde pinheiro e violeta e outros com jacarandá.

Terminadas as folhas, comecei o abacaxi fazendo cada "gomo" separadamente. No lado iluminado, marquei as áreas escuras com jacarandá.

Preenchi com uma mistura de siena natural e amarelo ouro, misturando no tecido, de maneira a deixar áreas mais claras (amarelo ouro) e áreas mais escuras (siena natural). Com o marfim, marquei a ponta do "gomo".




Na beirada dos gomos mais à esquerda, que formam a borda do abacaxi, não usei o jacarandá. Isso deixa o contorno da fruta mais suave.



No lado direito, comecei a fazer os gomos sombreados misturando azul caribe ao jacarandá e ao amarelo ouro, o que dá um tom mais esverdeado no lado direito. Para iluminar, misturei ao marfim um tiquinho de azul ou lilás.


Aqui está o abacaxi pronto. Gostei da sombra das folhas, mas agora penso que deveria ter escurecido mais todo o lado direito do abacaxi, deixando mais evidente o contraste entre o lado que está na sombra e o que recebe luz.

Neste detalhe se percebe melhor as misturas de cores usadas para sombra e o esboço das flores.

E aqui acaba o exercício. Com a sombra do abacaxi projetada sobre a vegetação e as flores não me preocupei neste exercício. Gostei de ter testado cores para luz e sombra no abacaxi. Se não tivesse marcado tanto com o jacarandá, os "gominhos" não ficariam tão "saltados". Como está, quase parecem ter sido entalhados em madeira. Com menos contraste nas divisões, o aspecto geral teria ficado mais natural.  Das folhas eu gostei muito, porque pude treinar pintar folhas em diversas direções e com dobras.

Domingo, 14 de novembro de 2010.
Para ver a sequencia de imagens da pintura no Youtube, clique aqui: Youtube abacaxi passo a passo.
 
Segunda-feira, 13 de dezembro de 2010. Depois que fiz o abacaxi, interrompi os estudos de pintura em tecido para dar continuidade à pintura do quadro que está na página "Óleo sobre tela - laranja e azul - em andamento". Volto à pintura em tecido quando tiver terminado o quadro. Está sendo muito bom. :))

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Como posicionar o risco no tecido


Quando gostamos de uma pintura de revista, logo queremos pintá-la. Transferirmos o risco para o tecido, alinhando cuidadosamente o meio do risco com o meio do tecido, mas nem sempre obtemos o resultado harmonioso desejado. Às vezes nós a pintamos maior do que deveríamos, às vezes menor. Às vezes a pintura está no tamanho certo, mas parece estranha, como se sobrassem coisas de um lado e faltassem de outro.
Um dos motivos (não o único) pode ser uma falha na composição. Composição é a distribuição dos objetos no espaço de pintura. As pessoas que trabalham há muitos anos com pintura em tecido sabem  que,  deslocando-se  o risco um pouquinho para um lado ou outro, obtém-se um melhor resultado. Por que será?  Bem, essas pessoas aprenderam, na prática, a usar a Regra dos terços.

Faz duas semanas que estou aplicando a Regra dos terços em pintura em tecido. Vamos ver como essa regrinha funciona? Para você entender melhor, fiz com linha de costura o que faço a lápis no papel.
Marquei com uma linha azul, logo acima do bico de crochê, a base do espaço que tenho para pintar.

Agora vou dividir a base em três partes. Como este pano tem 45cm de largura, tenho 3 partes  iguais de 15cm. Marquei 15 cm de fora para dentro e fiz a primeira divisão.

Depois, marquei mais 15 cm  de fora para dentro,  no outro lado.  E se a divisão não der um número inteiro? Por exemplo, se o pano tem 50cm de largura, 50 divididos por 3 é 16,6666...  então faço os retângulos, de fora para dentro, com 16,5 cm. Se o  pano tiver 46cm de largura, 46 divididos por 3 é 15,3333... Então, marco 15cm de fora para dentro. O retângulo do meio será um pouquinho mais largo, mas isso não é problema. Estamos trabalhando com tecido e alguns milímetros a mais ou a menos não farão diferença.

E estas linhas? Seguem por todo o comprimento do pano? Não. Meço a medida dos dois retângulos.

E uso esta medida para marcar a altura do espaço da pintura. Neste pano, esta medida é 30cm.

Agora, divido a altura em três partes. Neste pano, esta medida é 10cm.  Marquei 10cm de baixo para cima.

E 10cm de cima para baixo.  Esta área, de 45x30 cm, é o espaço de pintura para este pano. É uma área bem grande para se pintar todinha. A ideia não é pintar toooooda a área. O que realmente interessa são estas linhas que formam o "jogo da velha" no espaço de pintura. Estas são as linhas fortes do espaço. Qualquer coisa colocada sobre estas linhas chamará a atenção do observador. E o ponto de encontro dessas linhas são os pontos mais fortes de todo o espaço de pintura.
  

Coloquei quatro botõezinhos nos pontos de encontro das linhas, nos "pontos de ouro" do nosso espaço de pintura. Lembre-se: Os pontos de ouro atraem  o olhar do observador e a localização destes pontos não é sempre a mesma, ela muda de acordo com  a largura e altura da área de pintura.

E como funciona a Regra dos terços na prática? Veja o exemplo abaixo.

Veja outro exemplo. Não é preciso colocar um elemento em cada ponto de ouro. O importante é você saber onde estão as linhas fortes e os pontos de ouro, e utilizá-los a seu favor. A fronha já veio com um espaço para pintura pronto. O que  fiz foi usar a Regra dos terços para escolher onde pintar as rosas, a borboleta e as folhas. Dividi  a largura e a altura da fronha por 3 e marquei as linhas.

Mais um exemplo.


Guia de cores:
Púrpura, vermelho escarlate, verde pistache, marfim, branco, cinza lunar e sépia (maçã verde);
Púrpura, vermelho escarlate, ocre ouro, verde pistache, marfim, branco, cinza lunar, jacarandá e sépia (maçãs vermelhas);
Verde pistache, siena natural, marfim, jacarandá e sépia (cesta);
Verde oliva e clareador (fundo da folhagem); verde oliva puro (folhas); branco (flores); amarelo ouro e jacarandá (miolo e sombra do miolo das flores);
Cinza lunar misturado a clareador (fundo); verde oliva e sépia (sombra abaixo da cesta e das flores); cinza lunar e um tiquinho de violeta e sépia (sombra abaixo da maçã à direita).


Aqui está o risco. Marquei o meio do tecido, para facilitar o ajuste sobre o pano. O risco precisa ser ampliado, mas não sei dizer quanto. Tome como base o retângulo central, que deve ter 10x15 cm. Também observe que, quando desenhei, coloquei o cabinho da maçã e a flor nos pontos de ouro. Mas, quando fui passar o risco para o tecido, percebi que ficaria um espaço muito grande abaixo da cesta. Eu sabia que deveria abaixar o risco, mas quanto? Tendo como referência  a Regra dos terços, alinhei a borda superior da cesta à linha de força inferior, como aparece na imagem pintada. Por isso esta regrinha é útil. Ela nos permite reposicionar o risco, conservando a harmonia do conjunto.


A maioria das revistas não traz indicação de proporção. Como usar a Regra dos terços com riscos de revistas?
Eu não sei como são feitos os riscos para revistas. Não acredito que haja um padrão de tamanho ou proporção, pois as medidas dos panos de prato variam bastante. Então, o que fazer?  Se você sabe onde estão as linhas fortes e os pontos de ouro do seu espaço de pintura, comece fazendo o que sempre fez: centralize o risco no tecido. Sabe aqueles riscos em que há uma garrafa ou uma jarra ao lado de flores ou frutas? Pois é, verifique se, alinhando a garrafa ou a jarra sobre uma das linhas de força, o conjunto não fica melhor. Provavelmente ficará. Verifique se algum elemento de destaque do risco está posicionado sobre os pontos de ouro. Se não estiver, procure posicioná-lo, deslocando o risco para os lados, para cima ou para baixo. Modifique o risco, ajuste o posicionamento dos elementos, retirando ou acrescentando algumas folhas, flores ou frutas. Se você não souber desenhar, copie e cole elementos do próprio risco (ou de outros riscos) no local em que você deseja  aumentá-lo.
Se você é principiante, tenha calma, não se afobe. Ninguém vai sair com fita métrica e calculadora, medindo o enquadramento da sua pintura. Ninguém vai deixar de comprar seus panos de prato ou de copa, só porque eles não estão com enquadramento adequado. Embora se fale em "Regra" dos terços, ela não é uma "Lei", é apenas um recurso para ajudar você a posicionar harmoniosamente os objetos no seu espaço de pintura.

Segunda-feira, 11 de outubro de 2010.
A Regra dos terços é uma simplificação da Proporção áurea.  Deixando de lado a definição de Proporção áurea (há na internet e no youtube artigos e vídeos maravilhosos sobre o assunto), vamos ao que interessa: Se a Regra dos terços é uma simplificação, como uso "o original", isto é, a Proporção áurea,  nos meus estudos?

Outra vez marco a base da área de pintura. Desta vez não divido, mas multiplico a medida da base  por 0,618. Marco o resultado da direita para a esquerda e encontro uma das linhas fortes do meu espaço de pintura.

O resultado da multiplicação é também a medida da altura da área de pintura.

Marco a mesma medida, da esquerda para a direita, e encontro a outra linha forte do meu espaço.

Multiplico a altura do retângulo por 0,618 e marco (de baixo para cima) uma das linhas fortes horizontais.

 Marco a mesma medida, de cima para baixo, e aí estão, as quatro linhas fortes do meu espaço de pintura e os pontos de ouro, marcados com bolinhas vermelhas na segunda imagem abaixo.


Qual seria a posição dos pontos de ouro do espaço de pintura usado na pintura da cesta com maçãs, se eu tivesse usado a Proporção áurea?
Na imagem abaixo, pode-se ver, em vermelho, ao centro, os pontos de ouro da Proporção áurea. Em verde escuro estão os pontos de ouro obtidos pela Regra dos terços, aplicada ao espaço de pintura da cesta com maçãs (30x45 cm).

Na prática, isso significa que, se usarmos um risco pronto, podemos adaptá-lo, para que os elementos de destaque da pintura sejam pintados em lugares esteticamente mais adequados, usando como referência as linhas fortes e pontos de ouro da Regra dos terços ou da Proporção áurea (a que for mais fácil). Para quem pretende passar da pintura em tecido para a pintura em tela, é mais interessante se acostumar a usar a Proporção áurea.

Quarta-feira, 13 de outubro de 2010.
Testes feitos com riscos de revistas Bia Moreira - Edição Encadernada das revistas 04, 05 e Edição Especial de Natal.
Sobre o risco da revista coloquei um papel manteiga do tamanho do meu espaço de pintura e testei a Regra dos terços.

No tecido, em vez de centralizar o desenho, eu o alinhei ao ponto de interesse da Regra dos terços e pintei. Usei cores diferentes das sugeridas pela Bia Moreira.
Pêssegos: Verde pistache, verde oliva (um tiquinho), marfim com ocre ouro, púrpura com caramelo;
Cabinhos e galhos: sépia, marfim, verde pistache;
Folhas: Verde pinheiro, púrpura, ocre ouro, marfim, verde pistache;
Miosótis: azul marinho, azul turquesa, púrpura, branco (miolinho amarelo ouro e caramelo);
Fundo: sépia com verde oliva e púrpura.

Mais duas possibilidades de alinhamento. Nesta eu escolhi a Proporção áurea e alinhei a garrafa à linha forte da esquerda.
 
Nesta usei a Regra dos terços e alinhei a taça, de tal forma que o ponto de ouro  superior coincide com a borda da taça e o ponto direito inferior coincide com a citação do Salmo.

As coisas nem sempre são tão fáceis assim. Alguns riscos não cabem na largura dos panos de copa que tenho e outros estão em proporções bem diferentes. É o caso deste Papai Noel. O ponto de destaque para mim é o rosto do Papai Noel, então não centralizei o desenho, mas coloquei o rosto do Papai Noel alinhado à linha forte da esquerda na Proporção áurea. Com este deslocamento, o lado direito do tecido fica com um vazio que é preciso preencher para equilibrar a imagem. Uma possível solução é colocar um carrinho, um pacote de presente ou qualquer outro elemento que puxe o olhar do observador para dentro da imagem.

Fiz outros testes, com revistas da Editora Online, e os resultados foram parecidos, quer dizer, alguns riscos parecem ter sido feitos sob medida para os meus espaços de pintura, outros precisam de pequenos ajustes, outros de grandes ajustes e outros não há ajuste que funcione,  porque seria preciso mudar tanto os elementos de lugar e de tamanho, que é mais fácil colocar objetos e frutas sobre a mesa e desenhar o próprio risco.
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Sábado, 16 de outubro de 2010
Testei o risco do Papai Noel. Alinhei o olho esquerdo a uma das linhas da Proporção áurea, desloquei o risco para a direita até alinhar a estrela no topo do pinheiro com a outra linha da Proporção áurea. Preenchi o espaço entre o Papai Noel e a cesta ampliando a cesta para a esquerda e acrescentando folhagens. Mesmo assim, achei que o olhar "saía do espaço de pintura" pelo lado direito, então acrescentei  os brinquedos no chão, com a intenção de trazer o olhar do observador para dentro da imagem outra vez. Sinto dificuldade em entender e aplicar perspectiva e iluminação.
O restante foram alterações sem importância, questão de gosto pessoal: abri os olhos do Papai Noel,  coloquei um bilhetinho na mão dele e mudei as cores de quase tudo.
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